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Artigos

12/02/2016

Por quê ser sindicalista?

 

ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE NOSSAS POSTURAS ÉTICO-POLÍTICAS E PRÁTICAS SINDICAIS 

Estes apontamentos, críticas e sugestões foram sendo construídos a partir de minha vivência profissional e de minha militância entre os dirigentes sindicais. Nestes quase 15 anos de atividade como trabalhador em sindicatos e para sindicatos e movimentos sociais (e consta de minha memória política e trajetória profissional ter trabalhado, e estou cotidianamente trabalhando, para centenas de sindicatos, quase milhares de dirigentes e militantes sindicais, dentro e fora do Estado do Rio)
Como militante, como formador sindical, educador de projetos educacionais desenvolvidos por sindicatos, e de professor, venho me indagando se os dirigentes sindicais entendem realmente quais são suas tarefas e suas funções dentro de uma entidade sindical.
São reflexões de críticas e autocríticas, agudas, duras, fortes, mas fraternas e solidárias, não dirigidas especificamente a nenhum dirigente sindical, mas como contribuição para que o movimento sindical reencontre os caminhos pensados por seus generosos fundadores.
Alguns traços são comuns em grande parte dos sindicatos, de diferentes categorias, setores produtivos, ramos, regiões. Traços de uma antropologia sindical,ou de uma psico-sociologia do dirigente sindical. Resolvi tornar públicas estas reflexões, depois de socializar este texto em cursos, reuniões, conversar e ler, com alunos (as) da universidade, colegas, companheiros (as) e amigos (as) militantes, trabalhadores (as) dirigentes sindicais e de movimentos sociais.

A porta de entrada para o sindicato, para a maioria dos dirigentes, é a prática, a experiência da luta direta, dos enfrentamentos. A partir dela muitos trabalhadores e trabalhadoras saem de seus locais de trabalho e assumem um cargo ou uma função no aparelho sindical, como dirigente.
Ao chegar à estrutura, muitas vezes desconhecendo seus processos internos de funcionamento, sua cultura interna, seu emaranhado burocrático e as micro relações de disputas de poder, de costumes, enfim, precisam tomar decisões, fazer “as coisas andarem, responder ao que a categoria cobra” e vão se movimentando na máquina e no movimento, mesmo sem conhecer o terreno onde estão pisando.
Outros dirigentes sindicais passam anos, mandatos após mandatos dentro do sindicato sem saber qual o seu verdadeiro papel, para que foram criados, e a que serve. É bem verdade que a “culpa” não cabe apenas a ele, mas, principalmente, ao próprio sindicato não lhe possibilita qualquer tipo de formação, não o qualifica política e ideologicamente para entender o sindicato como instrumento de transformação social e defesa dos direitos. Muitos não têm a extensão da importância histórica e política deste instrumento de classe. São tomados de uma vontade de acertar, de fazer, que se confunde com um desorganizado voluntarismo militante.
O próprio dirigente, em geral, também se preocupa muito pouco com isto e, na falta de uma política de formação, acaba saindo da diretoria do sindicato do mesmo modo que entrou. Muita tem menosprezo pela formação, acham-na de menor importância. Assumem um praticismo sem reflexão, vazio de estudo, carregado de palavras de ordem, parecem latas barulhentas às vezes se movendo na superfície da política, cheios de preconceitos, de preguiça teórica, e com pouco ou nenhum conhecimento político e de teoria.
Às vezes constroem um pequeno latifúndio político em área de domínio, onde se sente dono, todo poderoso, chefe, mini monarca, aprendiz de déspota. Uma miniatura de sua visão de poder, do que faria se tivesse em mãos o aparelho de Estado, o governo, o orçamento e a máquina pública (carros, telefones, computadores, subalternos). Ou é um simulacro de empresário, com DNA de capitalista circulando nas veias, coração e mente.
Muitos assumem postura e práticas mandonistas, arrogantes, burocratizantes, etc. Sem projeto estratégico, sem metas coletivas definidas, vão se movendo ao formato das ondas, seguindo o rumo da maré. Quem não tem caminho definido, caminha sem rumo, qualquer caminho serve, e sem ter certeza onde quer chegar, fica fazendo as mesmas coisas ao longo do tempo, caem na rotina, na monotonia, no automatismo das “tarefas cotidianas”, fazendo diariamente tudo quase sempre igual, do amanhecer ao fim da noite, colocando a vida sindical numa espécie de piloto automático
Para certos sindicalistas basta ir à escola, à empresa, ao banco, à loja, ao canteiro de obras, à fábrica (dependendo do ramo onde atua), falar no carro de som, distribuir um jornal de vez em quando, fazer uma visita burocrática “à base” e pronto, está com a “consciência tranqüila do dever cumprido”.
Eis, então o protótipo do dirigente sindical. São poucos aqueles que lêem jornal diariamente, discutem os conteúdos do que leram, refletem e comparam, criticam, discutem, analisam a conjuntura para além das aparências descritas pelas manchetes ou pelas opiniões dos colunistas. Muitas vezes saem repetindo uma informação pela metade, uma versão deformada do fato em si. Ouvem pouco, na verdade detestam ouvir, não têm paciência com os argumentos dos outros.
Poucos se interessam pelo estudo e aprofundamento de economia, de política internacional, de políticas públicas, de educação, de meio ambiente, de direitos humanos, de preconceitos, de ideologia, de cultura, enfim. Nas reuniões de diretoria há pouca prioridade para o debate de conjuntura, de estratégias políticas de longo prazo, de reflexão crítica e autocrítica sobre sua própria prática.
Confundem a análise da conjuntura e da correlação de forças na luta de classes com meros informes, repasses de decisões de reuniões, relatos de plenários, ou agendamento de tarefas e planos de lutas. Poucos sindicatos pautam análise de conjuntura em suas reuniões, quando muitos elas se reduzem a confrontação de posições das tendências ou marcação de posição sobre “a verdades que temos”, contra “os equívocos e erros que outros carregam”. Sempre estamos certos, os outros é que não têm a certeza que temos. Errados são os outros!
A maior parte do tempo se discute administração, questões internas, burocracia da máquina, cobrança ou vigilância sobre a prática ou o que pensa ou faz o outro colega de gestão, da outra corrente, ou da outra empresa, ou da outra fábrica. Quando se tem correntes diferentes na mesma direção, a demarcação de posição e a luta por hegemonia interna ficam mais evidentes.
Controlar a tesouraria, o talão de cheques, a conta bancária, as chaves dos carros, e ter domínio pleno da secretaria geral é o que mais causa disputa na conformação da hegemonia interna da entidade. As montagens das chapas, a disputa pelos cargos, as negociações dos congressos, os arranjos das plenárias, a “contagem de garrafinhas” faz desperdiçar enormes energias políticas e esgarçam os tecidos éticos e políticos das vanguardas e às vezes a troco de tudo se esvaziar alguns meses depois de assumir o mandato. A correlação de forças, quando não bloqueia, emperra, tornam verdadeiros fantasmas a amedrontar o sono dos vivos, que assumiram o mandato e estão trabalhando! Um dia os fantasmas voltam, para recompor a correlação estática, inerte e burocrática.
Como cuidam apenas de suas tarefas individuais, de seu micro espaço de poder, são poucos os que lêem contratos coletivos, os textos dos dissídios das outras empresas, fábricas, fazendas, bancos, lojas ou orgãos que não sejam o seu. São sindicalistas de uma empresa só, de seu local de trabalho só, de sua base, de seu “feudo”, que não pode ser “abandonado” senão os piratas entram e desapropriam seu trunfo de pode. 
O corporativismo fica evidente, minha empresa ou meu orgão primeiro. Negam na prática, de forma consciente ou não, a solidariedade, a visão de classe, a luta geral, a emancipação coletiva, que originou a árvore do sindicalismo, e deu frutos duradouros, do internacionalismo proletário, da unidade dos trabalhadores contra o capital e o Estado burguês. Reduzem tudo ao sindicalismo de conquistas pontuais, de campanhas salariais, de defesa do assalariamento, de negociação do valor da venda da força de trabalho.
Quantos lêem pelo menos dois livros por ano? Há muitos sindicatos que possuem bibliotecas, que o departamento de formação compra livros, centros de memórias, centro de vídeos, mas poucos gastam seu precioso tempo lendo, consultando, escrevendo. Muitos sindicalistas acham desnecessário existir departamento de formação, ou o tratam com desdém, com menosprezo, quase sempre sem recursos.
Na hora de montar as chapas, escolhem os “cargos que tem poder”. E a formação, a cultura, as políticas sociais? ficam para na repartição das sobras. Gênero? Entrega para alguma mulher da chapa! Quando possuem essa secretaria. Raça? Entrega para algum negro ou negra, para garantir que respeita a diversidade! Essa política está matando o sindicalismo combativo, classista e anticapitalista! Formação é visto como gasto, como custo, como excedente, não como investimento político, como produção de novos militantes, como instrumento para renovar e reinventar a ação sindical
Poucos sindicalistas, ainda bem que existem muitos, carregam nas pastas, ou nas suas estantes, livros de análise social, ética, de filosofia política, de direito do trabalho, de inovações tecnológicas, de ideologia e alienação, de história de seu país, de cultura, de destruição do meio ambiente, de raça-gênero-classe, de revoltas populares e movimentos sociais rurais, por exemplo.
Enfim, de formação intelectual mais ampla que o corre-corre do cotidiano?? Um sindicalismo que não discute estratégia só fica na tática! Um movimento que não se alimenta de utopias, vive escravo do pragmatismo, submisso à mordaça do possível!
Quantos, depois que entram na máquina, se afundem na micro física do poder se preocupam em voltar a estudar? Em fazer uma graduação ou uma pós graduação, ir a uma palestra, um evento científico, uma conferência de um tema fora de seu âmbito profissional ou de atuação política, a um bom teatro, uma exposição num museu, a um bom filme. Umas vezes a desculpa é falta de dinheiro, noutras, a falta de tempo, o excesso de “tarefas” sindicais. Sempre se tem uma boa desculpa a justificar.
O dirigente – como o próprio nome já diz – é para dirigir, formular, apontar caminhos, ocupar-se da busca de alternativas. Mas formular e dirigir o que? Mas quantos têm realmente postura de dirigente? Tolerância? Paciência? Argumentação? Compromisso ético? Conteúdo político? e capacidade de negociar e dialogar em situações adversas? em que se exige uma atitude de dirigente? A ponto de assim ser reconhecido pelos colegas de trabalho, a base?
Uma das tarefas do dirigente sindical é organizar o movimento, movimento se produz de teoria e prática (Lênin, líder da Revolução Russa, dizia que só existe movimento revolucionário se existir teoria revolucionária, e prática revolucionária! Ta bom, se não quiser usar o termo “revolucionário”, que se use o termo “crítico”, ou “anticapitalista”. A verdade é que teoria-prática-movimento é produto de um processo inseparável, que se retroalimentam. 
O papel de direção é fundamentalmente o de canalizar e potencializar as energias dos trabalhadores, sentir as necessidade de sua base, viver com ela, dialogar com ela, sem arrogância, sem pedantismo, sem se sentir dono da verdade, sem autoritarismo, buscando sempre convencer e trazer para o lado do sindicato, a construção da consciência é um caminho longo, tortuoso, contraditório, mas só com consciência e organização coletiva se muda o mundo!
Estar constantemente em contato com base é um requisito essencial para que se tenha representatividade, legitimidade, não só para passar informações, mas para ouvir, sentir o que ela está sentido, pensar o que ela está pensando, pulsar com ela, sentir o pulso dela, ser intérprete dela, para fazer avançar, evoluir a organização, dar um agir coletivo à nossa herança capitalista de competir e resolver tudo sozinho.
Só a partir do que sente e pensa a base é que o dirigente pode transformar em propostas objetivas e viáveis o que a categoria quer. Só conhecendo as demandas concretas é que podemos politizá-las, dando um sentido político mais amplo a uma luta isolada e corporativa, e dessa forma dar conta das demandas, desejos e inquietações dela.
Alguns dirigentes ouvem pouco a base, se afastam do mundo real, elaboram propostas sem levar em conta a correlação de forças, sem verificar cautelosamente quem são os aliados táticos e estratégicos, os aliados imediatos e os históricos, sem conhecer a força e a fraqueza do inimigo de classe e dos aliados destes. Tomam decisões radicais na forma, mas impotentes no conteúdo, sem medir prós e contras de uma determinada conjuntura, que armas possuímos, como disse, radicalizam na forma, muitas vezes impotentes no conteúdo.
Existe uma dialética na prática e na teoria dos movimentos, das pessoas, enfim, do processo educativo, que diz que devemos elaborar mobilizando e mobilizar elaborando. Gramsci, um militante comunista italiano, chama isso de Práxis, uma síntese entre teoria e prática. Que se arma da luta prática e do estudo aprofundado. Alguns dirigentes querem prescindir da base e passam a elaborar apenas abstrações. Dirigente que se preza não mobiliza ninguém no abstrato ou só porque está com raiva do patrão, desilusão com o governo, ódio do inimigo, possuído por uma obsessão sem racionalidade política.
Muitos não ultrapassam o senso comum, não superam seus preconceitos, olham e tratam os outros com desprezo, olhando de cima, dando ordens para a categoria e para os que o cercam, muitas vezes abusando de uma autoridade conferida pelo mandato sindical para assediar moralmente funcionários sindicais e mesmo sendo intransigente. Mal disfarçam seu papel de dedicado aprendiz de patrão!
Para ser um bom dirigente é preciso construir uma cultura de respeito e de valorização pelo que o outro faz. Ensinar significa transferir o que de bom você possui. Educar para a solidariedade, para a tolerância, para a vida em coletivo, para a troca e a parceria.
Outra tarefa importante do dirigente é praticar a democracia. É contraditório falar em democracia e atropelar a base, usá-la como massa de manobra, tendo a base por ignorante e equivocada, atrasada e burra! É contraditório falar em democracia e encaminhar diferente do que a maioria decidiu, ou interpretar o seu modo o que foi aprovado com o melhor para o coletivo.
Mesmo que os trabalhadores não saibam verbalizar ou escrever suas reivindicações, eles darão sinais, pistas, caminhos, se soubermos ouvir, que serão fundamentais para a vitória destas. O dirigente, como disse anteriormente, e nunca é demais reafirmar, tem que ouvir, ouvir mais do que falar.
O dirigente sindical tem que democratizar o espaço sindical, fazendo com que ela seja de total liberdade para as grandes discussões e propostas da categoria. O sindicalista deve criar formas e mecanismos que permitam à categoria opinar e discutir.
O sindicato deve se posicionar sobre vários temas da atualidade e da vida do trabalhador, para isso deve estimular a existência de plebiscitos, exercício da democracia direta, consultas, coletivos temáticos, grupos de trabalho, reuniões, assembléias, debates, seminários, oficinas, congressos.
Quantos sindicatos menosprezam o planejamento estratégico? Atuam como bombeiros, sempre correndo para apagar os incêndios, ou fazendo a “política do cachorro louco”, que ficam correndo atrás do próprio rabo, sem entender que a doença está na cabeça, e se manifesta no rabo. Erro de diagnóstico, erro de tratamento!
O bom dirigente sindical deve ser planejador, ter governabilidade sobre o que planeja, executar o que planeja, planejar o que executa! Não viver apenas em função do dia a dia. Tem que pensar sua ação no sindicato tendo a dimensão do curto, do médio e do longo prazo. Entender o que tático, provisório, passageiro, do que é estratégico, permanente, princípio, meta.
Um dirigente qualificado tem que estudar as grandes transformações sócio econômicas e política para buscar entender o que tudo isso repercute no cotidiano do trabalhador, o desanima, o aliena, o fragiliza, o desespera, enfim. Buscar compreender o que estas mudanças produziram nas condições de vida e de trabalho de nossa classe. Entender o todo para agir no específico.
Estudar a história de nossa classe, como tudo começou e porque começou. O que mudou, porque mudou e como mudou. As concepções e práticas das gerações de sindicalistas anteriores a nós, e ver o que herdamos, o que rompemos e o que precisamos alterar, para melhor agir nos tempos de hoje. Por falar nisso, você planejou seu dia de hoje? Já estudou hoje?
O dirigente combativo e consciente não deve ficar aprisionado ao corporativismo, preso aos interesses imediatos do cotidiano que o cerca, mas buscar traze-los para os interesses mais amplos da categoria e da classe.Tem dirigente que fica 10 anos no sindicato e continua corporativismo, só vai ao seu local de trabalho. Não evoluem. Não compartilham os problemas dos outros setores, parecem defender um latifúndio, avesso a fazer uma reforma agrária do terreno onde influem politicamente. Permanecem presos na rotina, na zona de conforto, na mesmice
O dirigente deve ter uma relação familiar normal, ter tempo para lazer, convier com os amigos, com os filhos, ir ao jogo de seu time, curtir as manhas de sol de domingo, passear, há tanta cultura e história para se conhecer e viver na sua cidade, nas cachoeiras, nas praias. Promover festas, reunir os amigos, lazer, confraternização, bate papo, cantoria, um pelada de futebol, sem a primazia da competição, mas pela alegria da comunhão coletiva, do aprendizado de classe.
Alguns estouram a vida por causa do sindicato, do partido. Carregam sentimentos de culpas. Muitos dirigentes usam o sindicato e o mandato com mecanismo de fuga, como gangorra afetiva, bastidor de frustrações, como terapia ocupacional, como desaguadouro da defasagem profissional.
Tem dirigente sindical mal humorado, carrancudo, sempre armado, com resposta pronta, que desconfia de tudo e de todos, infeliz, angustiado, extressado, cuida pouco de si.. Sua ideologia deve te fazer acreditar na vida e num futuro melhor, é para isso que lutamos. Portando, um futuro que nos torne mais felizes, num presente de lutas menos sofridas, porque lutar não é sinônimo de cumprir penitência.
Reafirmo: Uma desgraça que nos assola: Muitos, nos momentos de disputa eleitoral, brigam ferozmente por um cargo na chapa, uma vaga na próxima diretoria. Noites e noites de debates para montar o quebra-cabeça dos cargos. Após a eleição, a posse festiva e tantas promessas e declarações de princípios, depois desaparecem, quando muito vêm nas reuniões, e são especialistas em criticar. Quando lhe interessa, assume o crachá de dirigente, quando não lhe interessa, se esconde e faz de conta que não é com ele.
Dirigente que se preza faz avaliações constantes de seu desempenho. O que estou fazendo? Porque estou no sindicato? Cresci? Produzi? Ajudei o grupo a crescer? Fui menos vaidoso hoje? Pratiquei a tolerância no trato político? Cumprimentei os funcionários? Minhas críticas foram construtivas? O movimento cresceu? O sindicato se fortaleceu? Quantas pessoas eu trouxe para o sindicato com minhas atitudes? Fiz relatórios aos colegas daquilo que fiz?
A avaliação não deve ser uma forma de punir, mas como método de crescimento, processual, mediadora, construtora de laços e de projetos. Aceitar críticas da base. Alguns dirigentes se dizem apolíticos, estufam o peito, fazem questão de se dizer apartidários, apolíticos, não entendem que as grandes lutas por transformações sociais que interessaram os trabalhadores foram dirigidas por partidos políticos operários e que o sindicato é um instrumento político fundamental para que a classe trabalhadora conquiste o poder. Misturam a má política, as vaidades, as deformações e erros humanos com o verdadeiro sentido da política, que é a busca do bem comum.
Muitos assumem os discursos das elites e menosprezam a atividade política, despolitizam as lutas, esvaziam-nas de conteúdos críticos, ficam aprisionados no corporativismo imediatista, burocratizando e administrando micro poderes e recusando a fazer política, e sendo levado pela política dos patrões, dos verdadeiros inimigos de classe: Os capitalistas.
Outros buscam o sindicato como forma de estabilidade e ter menos cobranças. Deve se perguntar sobre como está o trabalho do sindicato na categoria, mobilizar as delegacias, comissões de base ou organização no local de trabalho para se integrar numa política de frente única e lutar pelos interesses econômicos e políticos dos trabalhadores.
Respeitar a autonomia dos grupos que se organizam no local de trabalho, mas dialogar sempre com eles. Muitos dirigentes não convocam a base, com medo que ela cresça e se politize, ameaçando o poder do dirigente nas futuras eleições sindicais e nas negociações das campanhas salariais.Enfim, ser um sujeito histórico, estudar, ler, refletir, e lutar para que os trabalhadores superem suas injustas cadeias de opressão, exploração, e se tornem também sujeitos históricos.
Marx, aquele pensador alemão, referência para o movimento operário, para o internacionalismo socialista e os movimentos revolucionários, que muitos recusam, o neoliberalismo odeia, mas que continua vivo política e teoricamente, principalmente na análise do capitalismo contemporâneo e na busca de uma alternativa socialista para os trabalhadores, tem uma frase que nos deve fazer pensar, hoje: A emancipação dos trabalhadores será obra dos próprios trabalhadores. Somos sujeitos históricos de nossa própria história. Vamos revolucionar nossa prática e teoria sindical, na concepção e na gestão sindical??

Helder Molina
Professor de História
Educador Sindical
(Apontamentos manuscritos de 1996, atualizado em agosto de 2003)

Fonte: Helder Molina
Última atualização: 15/02/2016 às 14:38:35
 
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Atualizado pela Assessoria de Comunicação e Imprensa, jornalista Wanessa Canutto

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